sexta-feira, 11 de julho de 2014

A seleção, a comissão técnica e a imprensa


Já está cheio de textos na internet sobre a eliminação pífia da seleção brasileira na última terça-feira (8) diante da Alemanha. Eu não vou analisar a partida, quero abordar alguns pontos específicos que poucas pessoas comentaram.

Primeiramente, será que ninguém enxergou que  nesta seleção não havia resquícios do time campeão da Copa das Confederações em 2013? A marcação pressão na defesa adversária, que tanto marcou aquele grupo, nesta Copa de 2014 simplesmente não existiu.

 Assim como não existiu o meio campo. Luis Gustavo, sozinho, jogava por todos. Era obrigado a marcar, sair jogando e até mesmo ir pro ataque para auxiliar Neymar e companhia. Fernandinho, quando entrou de primeiro volante se saiu muito bem, mas quando precisou jogar de segundo volante, foi abaixo do esperado. Paulinho fez uma péssima Copa. Oscar marcava como atacante e atacava como zagueiro. Se escondeu na maioria dos jogos, pouco criou e mesmo assim foi titular em todos os jogos.

Um pouco mais a frente víamos Fred. Mas apenas víamos, porque bola mesmo ficou devendo. E ficou devendo, novamente, simplesmente pelo fato de que não tinha quem dar a bola para ele. Era o tempo inteiro de costas pros zagueiros, brigando, mas sem obter sucesso. As vaias no Mineirão, ao meu ver, foram excessivas.

No banco, nenhum jogador que pudesse entrar e mudar o jogo. A convocação foi feita, mas faltou experiência. Faltou jogadores que colocassem um certo respeito aos adversários e redobrasse a atenção.

A comissão técnica

O futebol evoluiu, mas os treinadores brasileiros não. Vivemos a base do "pentacampeonato". Tradição e história. Mas, nenhuma delas entra em campo. É preciso reinventar. Hoje em dia, os jogadores primeiro precisam defender no Brasil, atacante tem que marcar lateral e etc., enquanto em outros países, eles precisa ter disciplina tática em campo. Temo pelo futebol brasileiro que parou no tempo. Os dirigentes da CBF só querem ganhar dinheiro. Os técnicos daqui, estão longe dos estrangeiros. E isso acaba tendo reflexo até na geração brasileira de atletas. Como ver Daniel Alves num setor que tínhamos Carlos Alberto Torres e Cafu? Como olhar para o sistema defensivo e ver que temos Henrique e Dante, que até são bons jogadores, mas não podem estar numa Copa do Mundo. No meio campo, Ramires. Seria um excelente velocista, mas no futebol de hoje não basta correr rápido, tem que ter velocidade e futebol. Por fim, Fred e Jô. Outros bons jogadores, campeões em seus clubes, mas também não podem ser a salvação de gol de um país que teve Romário, Ronaldo, Careca, Serginho Chulapa e outros.

O medo da imprensa

 A coletiva da comissão técnica na última quarta-feira (9), foi qualquer coisa absurda. De um lado, perguntas pífias e jornalistas com medo de questionar os entrevistados. Do outro, treinador, assistentes, médico e chefe de delegação se baseando em uma planilha de excel para rebater a goleada do dia anterior. Por fim, como se não bastasse, Carlos Alberto Parreira saca uma carta da desconhecida "Dona Lucia", cheia de elogios ao grupo, e começa a ler.

Um absurdo! Eles estavam lá para se defenderem do vexame e conseguiram piorar a situação. Mas, o que me deixa abismado é a imprensa.

Diante da pior derrota da seleção, contei apenas três repórteres que fizeram perguntas fortes e interessantes. Os jornalistas dos grandes veículos apenas estavam ali de passagem. Mauro Naves, da TV Globo, queria saber o esboço do time para a disputa do terceiro lugar.

Nada contra o Mauro Naves que é um grande profissional, mas, naquele momento, o povo queria saber muito mais da derrota para Alemanha do que o time que entrará em campo para disputar o terceiro lugar.

Listo aqui, alguns questionamentos que poderiam ter sido feitos:

- Por qual motivo a marcação pressão da seleção não foi utilizada?

- Perdemos o meio campo em todos os jogos e vivíamos de chutões da defesa para o ataque. Sendo assim, por qual motivo o treinador não trabalhou em cima disso?

- Bernard deu entrevista e disse que só soube que seria titular no dia do jogo, enquanto Felipão disse na coletiva que até o técnico adversário sabia que ele entraria com aquele time em campo...

- Se os olheiros, Roque Junior e Gallo, sugeriram que o time entrasse em campo com três volantes e sem o Fred, qual foi o motivo da opção pelo Bernard?

Das duas uma: ou a imprensa tem medo de perder a credencial para acompanhar a seleção se os "peitarem", ou há um acordo de cavalheiros ali para que ninguém saia como o errado da situação.

Para terminar, na penúltima entrevista coletiva antes da disputa de terceiro lugar, colocaram o pobre Neymar para falar. O menino chamou a responsabilidade e como sempre, muito bem treinado pelo seu staff, deu ótimas respostas.

Que venha a preparação da Copa da Rússia. E que exista alguém que dê um chacoalhão para mudarmos a situação do nosso futebol!