quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O momento necessário de transformar o futebol no Brasil


O futebol brasileiro vem perdendo forças cada vez mais. E não pense que isso é apenas fruto da má administração da CBF. A questão é muito mais profunda. Existe um mix de coisas que contribuem, há anos, para tudo isso, tais como a emissora detentora dos direitos de transmissão dos principais campeonatos que envolvem times brasileiros, diretorias pífias da grande maioria dos clubes, safra ruim de atletas, trabalho mal feito na base. Enfim, existem outros fatores que poderiam ser citados, mas, o foco principal está aí.

A ideia deste texto é tentar reverter todo esse quadro negativo que o futebol nacional se encontra. Claro que, são apenas pensamentos de um jornalista/torcedor, sem conhecimento de causa para saber a viabilidade de tudo isso, mas, com um propósito claro de contribuir. Abaixo, algumas sugestões de mudança:

Teto salarial

Ora, é absurdo o que os jogadores no Brasil ganham de salário. Pode-se dizer que o futebol movimenta milhões, é verdade, mas, isso não anula o fato das altas remunerações pagas aos atletas.

Um teto salarial poderia resolver essa situação. Os jogadores deveriam ser classificados em A (craques), B (jogadores com potencial), C (jogadores medianos) e D (jogadores que deram sorte de ir para o futebol), ou algo próximo disso.

Isso evitaria, por exemplo, que aquele "pereba" que há em todos os times, não receba R$ 100.000,00 de salários, fazendo com que, a partir disso, gere um certo ciúmes nos jogadores mais badalados.

Direito de transmissão

Não dá mais para os clubes ficarem reféns de uma única emissora. É inegável a qualidade de transmissões da Rede Globo, mas, os clubes acabam criando um laço eterno com ela, principalmente os mais endividados (ou quase todos) que adiantam cotas de transmissões e acabam, assim, tendo que viver em função da emissora e da grade horária dela.

"ah, mas agora eles têm que viver amarrados porque já receberam a cota". Negociem com a concorrência, com certeza existirão propostas para pagar a multa que deve existir por quebra de contrato. Quando isso acontecer, a própria Rede Globo vai passar a repensar as transmissões dos campeonatos daqui.

Fim dos empresários

O que mais complica a vida dos jogadores, principalmente os jovens, são os empresários. É cada vez mais comum atletas de 13/14 anos com representantes que tomam a frente da situação e muitas vezes acabam com as carreiras deles.

O primeiro passo são as equipes começarem a negociar apenas com jogadores sem representantes, no máximo com pai/mãe/parentes, já a partir daí o futuro dos garotos seriam decididos sem a presença de alguém que pense só no lucro.

Caça talentos.

A Alemanha, atual campeã do mundo, pensou nisso há anos, e hoje colhe o que plantou.

O Brasil, com o tamanho territorial que tem e sendo o país do futebol, tem muitas joias escondidas. Cabe aos clubes encontrarem uma forma de os achar.

Entrar em bairros carentes com um saco de bolas e uniforme e realizar, ali mesmo, peneiras, pode captar futuros atletas. Evidentemente que não serão achados 40/50 jogadores de uma vez, mas, se for encontrado dois ou três por mês, daqui alguns anos o futebol brasileiro passará a ser destaque novamente.

Técnico novos

Muricy Ramalho, Mano Menezes, Felipão, Parreira, Vanderlei Luxemburgo... a lista de técnicos ultrapassados aumenta cada vez mais. Com futebol defensivo, onde os atacantes precisam primeiro defender para depois atacar, foco na bola parada e viver de nome são alguns motivos que fazem o futebol brasileiro descer a ladeira.

É necessário mudar. Procurar jovens treinadores que tenham outra filosofia de trabalho. Não precisa surgir um Guardiola em cada cidade, mas, que surjam pessoas que renovem os padrões brasileiros.

Volto a repetir: não sou dono da verdade, não sou eu quem vai mudar o futebol brasileiro. Mas, gostaria (e muito) que algumas dicas dessas pudessem ser aproveitadas e quem sabe, num futuro próximo, colher bons frutos para o nosso futebol.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A seleção, a comissão técnica e a imprensa


Já está cheio de textos na internet sobre a eliminação pífia da seleção brasileira na última terça-feira (8) diante da Alemanha. Eu não vou analisar a partida, quero abordar alguns pontos específicos que poucas pessoas comentaram.

Primeiramente, será que ninguém enxergou que  nesta seleção não havia resquícios do time campeão da Copa das Confederações em 2013? A marcação pressão na defesa adversária, que tanto marcou aquele grupo, nesta Copa de 2014 simplesmente não existiu.

 Assim como não existiu o meio campo. Luis Gustavo, sozinho, jogava por todos. Era obrigado a marcar, sair jogando e até mesmo ir pro ataque para auxiliar Neymar e companhia. Fernandinho, quando entrou de primeiro volante se saiu muito bem, mas quando precisou jogar de segundo volante, foi abaixo do esperado. Paulinho fez uma péssima Copa. Oscar marcava como atacante e atacava como zagueiro. Se escondeu na maioria dos jogos, pouco criou e mesmo assim foi titular em todos os jogos.

Um pouco mais a frente víamos Fred. Mas apenas víamos, porque bola mesmo ficou devendo. E ficou devendo, novamente, simplesmente pelo fato de que não tinha quem dar a bola para ele. Era o tempo inteiro de costas pros zagueiros, brigando, mas sem obter sucesso. As vaias no Mineirão, ao meu ver, foram excessivas.

No banco, nenhum jogador que pudesse entrar e mudar o jogo. A convocação foi feita, mas faltou experiência. Faltou jogadores que colocassem um certo respeito aos adversários e redobrasse a atenção.

A comissão técnica

O futebol evoluiu, mas os treinadores brasileiros não. Vivemos a base do "pentacampeonato". Tradição e história. Mas, nenhuma delas entra em campo. É preciso reinventar. Hoje em dia, os jogadores primeiro precisam defender no Brasil, atacante tem que marcar lateral e etc., enquanto em outros países, eles precisa ter disciplina tática em campo. Temo pelo futebol brasileiro que parou no tempo. Os dirigentes da CBF só querem ganhar dinheiro. Os técnicos daqui, estão longe dos estrangeiros. E isso acaba tendo reflexo até na geração brasileira de atletas. Como ver Daniel Alves num setor que tínhamos Carlos Alberto Torres e Cafu? Como olhar para o sistema defensivo e ver que temos Henrique e Dante, que até são bons jogadores, mas não podem estar numa Copa do Mundo. No meio campo, Ramires. Seria um excelente velocista, mas no futebol de hoje não basta correr rápido, tem que ter velocidade e futebol. Por fim, Fred e Jô. Outros bons jogadores, campeões em seus clubes, mas também não podem ser a salvação de gol de um país que teve Romário, Ronaldo, Careca, Serginho Chulapa e outros.

O medo da imprensa

 A coletiva da comissão técnica na última quarta-feira (9), foi qualquer coisa absurda. De um lado, perguntas pífias e jornalistas com medo de questionar os entrevistados. Do outro, treinador, assistentes, médico e chefe de delegação se baseando em uma planilha de excel para rebater a goleada do dia anterior. Por fim, como se não bastasse, Carlos Alberto Parreira saca uma carta da desconhecida "Dona Lucia", cheia de elogios ao grupo, e começa a ler.

Um absurdo! Eles estavam lá para se defenderem do vexame e conseguiram piorar a situação. Mas, o que me deixa abismado é a imprensa.

Diante da pior derrota da seleção, contei apenas três repórteres que fizeram perguntas fortes e interessantes. Os jornalistas dos grandes veículos apenas estavam ali de passagem. Mauro Naves, da TV Globo, queria saber o esboço do time para a disputa do terceiro lugar.

Nada contra o Mauro Naves que é um grande profissional, mas, naquele momento, o povo queria saber muito mais da derrota para Alemanha do que o time que entrará em campo para disputar o terceiro lugar.

Listo aqui, alguns questionamentos que poderiam ter sido feitos:

- Por qual motivo a marcação pressão da seleção não foi utilizada?

- Perdemos o meio campo em todos os jogos e vivíamos de chutões da defesa para o ataque. Sendo assim, por qual motivo o treinador não trabalhou em cima disso?

- Bernard deu entrevista e disse que só soube que seria titular no dia do jogo, enquanto Felipão disse na coletiva que até o técnico adversário sabia que ele entraria com aquele time em campo...

- Se os olheiros, Roque Junior e Gallo, sugeriram que o time entrasse em campo com três volantes e sem o Fred, qual foi o motivo da opção pelo Bernard?

Das duas uma: ou a imprensa tem medo de perder a credencial para acompanhar a seleção se os "peitarem", ou há um acordo de cavalheiros ali para que ninguém saia como o errado da situação.

Para terminar, na penúltima entrevista coletiva antes da disputa de terceiro lugar, colocaram o pobre Neymar para falar. O menino chamou a responsabilidade e como sempre, muito bem treinado pelo seu staff, deu ótimas respostas.

Que venha a preparação da Copa da Rússia. E que exista alguém que dê um chacoalhão para mudarmos a situação do nosso futebol!

terça-feira, 24 de junho de 2014

O investimento feito no Mané Garrincha gera resultados positivos


Na última quinta-feira (19), estive no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para acompanhar a partida que terminou na vitória da Colômbia por 2 a 1 sobre a Costa do Marfim, válida pela segunda rodada do grupo D da Copa do Mundo de 2014. E me surpreendi com a qualidade do espetáculo.

Preciso dividir em alguns itens a minha avaliação para deixar tudo bem explicado.

O estádio

Foi gasto mais de um bilhão de reais no investimento do Mané Garrincha. Parece assustador um valor desses para a construção do estádio, mas, ao menos, o produto final é totalmente satisfatório. A chegada e saída do estádio é feita com muita facilidade, da mesma forma que as entradas em qualquer setor. Havia uma pequena fila para passar o ingresso na catraca, mas nada que passasse de cinco minutos.

A revista é muito bem feita com detectores que lembram os de aeroportos. Após isso, as placas de indicação estavam bem sinalizadas e os voluntários a todo o mundo ajudavam quem precisava de ajuda.

Para chegar até a minha cadeira foi simples e tranquilo. O estádio é magnífico! Banheiro limpos, várias lanchonetes para atender o público (os preços estavam bem altos, mas para um padrão de Copa do Mundo, infelizmente não se pode mudar muita coisa), acessos fáceis, enfim, não há do que reclamar.

O jogo

A seleção da Colômbia vem forte para este Mundial, mesmo sem a principal estrela do time, Falcão Garcia. Os ótimos Cuadrado e James Rodrigues são os pilares deste time, junto com o zagueiro e capitão Yepes, que, aliás, é um dos grandes ídolos da torcida. A cada jogada que ele disputava era uma festa nas arquibancadas.

Ainda precisam corrigir muita coisa no time, principalmente no ataque, mas eles têm tudo para incomodar no mata-mata.

A torcida

Que maravilha! Dos quase 80 mil presentes, me arrisco a dizer que 75% dos presentes eram colombianos que apoiavam o time a todo o tempo com uma energia fora do comum.

Eles foram muito receptivos com nós, brasileiros. A todo o instante queriam tirar fotos e quando pedíamos o mesmo a eles, nenhum se negava a sair em um retrato.

O Mané Garrincha quase veio abaixo em dois momentos: na execução do hino colombiano e no gol de James Rodrigues. Inclusive, neste último instante veio a cena do jogo que precisa ser descrita.

Um rapaz de 20 e poucos anos, eufórico com o gol, subiu na cadeira e começou a pular. Imediatamente um brasileiro o chamou e repreendeu a atitude. O jovem, então, envergonhado com a atitude, disse em bom espanhol "Me perdoe. A emoção é muito grande, não consegui me conter. Vocês (brasileiros) têm cinco mundiais, então é normal esse momento, mas, para nós que há 16 anos não disputávamos uma Copa, é impossível não agir desta forma".

O pós jogo

Após a partida, a festa foi para o entorno do estádio. Brasileiros e colombianos se misturavam para dançar e pular sem medo algum. Era ritmo colombiano daqui, músicas brasileiras de cá, mas ninguém se importava com isso, o importante era interagir.

A minha interação se deu quando troquei um bandeira do Brasil por uma da Colômbia. Tive que insistir um pouco para que a mulher aceitasse a troca, mas, no final, até foto ela pediu para tirarmos.

O que deixo de aprendizado deste jogo é que a Copa do Mundo deveria acontecer todo ano, porque a festa dentro e fora de campo é única!
 
O lado externo do estádio Mané Garrincha (Foto: Veja)