O futebol brasileiro vem perdendo forças cada vez mais. E
não pense que isso é apenas fruto da má administração da CBF. A questão é muito
mais profunda. Existe um mix de coisas que contribuem, há anos, para tudo isso,
tais como a emissora detentora dos direitos de transmissão dos principais
campeonatos que envolvem times brasileiros, diretorias pífias da grande maioria
dos clubes, safra ruim de atletas, trabalho mal feito na base. Enfim, existem
outros fatores que poderiam ser citados, mas, o foco principal está aí.
A ideia deste texto é tentar reverter todo esse quadro
negativo que o futebol nacional se encontra. Claro que, são apenas pensamentos
de um jornalista/torcedor, sem conhecimento de causa para saber a viabilidade
de tudo isso, mas, com um propósito claro de contribuir. Abaixo, algumas
sugestões de mudança:
Teto salarial
Ora, é absurdo o que os jogadores no Brasil ganham de
salário. Pode-se dizer que o futebol movimenta milhões, é verdade, mas, isso
não anula o fato das altas remunerações pagas aos atletas.
Um teto salarial poderia resolver essa situação. Os
jogadores deveriam ser classificados em A (craques), B (jogadores com
potencial), C (jogadores medianos) e D (jogadores que deram sorte de ir para o
futebol), ou algo próximo disso.
Isso evitaria, por exemplo, que aquele "pereba"
que há em todos os times, não receba R$ 100.000,00 de salários, fazendo com
que, a partir disso, gere um certo ciúmes nos jogadores mais badalados.
Direito de transmissão
Não dá mais para os clubes ficarem reféns de uma única
emissora. É inegável a qualidade de transmissões da Rede Globo, mas, os clubes
acabam criando um laço eterno com ela, principalmente os mais endividados (ou
quase todos) que adiantam cotas de transmissões e acabam, assim, tendo que
viver em função da emissora e da grade horária dela.
"ah, mas agora eles têm que viver amarrados porque já
receberam a cota". Negociem com a concorrência, com certeza existirão
propostas para pagar a multa que deve existir por quebra de contrato. Quando
isso acontecer, a própria Rede Globo vai passar a repensar as transmissões dos
campeonatos daqui.
Fim dos empresários
O que mais complica a vida dos jogadores, principalmente os
jovens, são os empresários. É cada vez mais comum atletas de 13/14 anos com
representantes que tomam a frente da situação e muitas vezes acabam com as
carreiras deles.
O primeiro passo são as equipes começarem a negociar apenas
com jogadores sem representantes, no máximo com pai/mãe/parentes, já a partir
daí o futuro dos garotos seriam decididos sem a presença de alguém que pense só
no lucro.
Caça talentos.
A Alemanha, atual campeã do mundo, pensou nisso há anos, e
hoje colhe o que plantou.
O Brasil, com o tamanho territorial que tem e sendo o país
do futebol, tem muitas joias escondidas. Cabe aos clubes encontrarem uma forma
de os achar.
Entrar em bairros carentes com um saco de bolas e uniforme e
realizar, ali mesmo, peneiras, pode captar futuros atletas. Evidentemente que
não serão achados 40/50 jogadores de uma vez, mas, se for encontrado dois ou
três por mês, daqui alguns anos o futebol brasileiro passará a ser destaque
novamente.
Técnico novos
Muricy Ramalho, Mano Menezes, Felipão, Parreira, Vanderlei
Luxemburgo... a lista de técnicos ultrapassados aumenta cada vez mais. Com
futebol defensivo, onde os atacantes precisam primeiro defender para depois
atacar, foco na bola parada e viver de nome são alguns motivos que fazem o
futebol brasileiro descer a ladeira.
É necessário mudar. Procurar jovens treinadores que tenham
outra filosofia de trabalho. Não precisa surgir um Guardiola em cada cidade,
mas, que surjam pessoas que renovem os padrões brasileiros.
Volto a repetir: não sou dono da verdade, não sou eu quem
vai mudar o futebol brasileiro. Mas, gostaria (e muito) que algumas dicas
dessas pudessem ser aproveitadas e quem sabe, num futuro próximo, colher bons
frutos para o nosso futebol.